Quirguistão: Agressões e traumas persistem

Tensões e violências continuam no sul do país; MSF clama por acesso irrestrito às estruturas de saúde

Cinco semanas depois dos violentos conflitos que eclodiram no sul do Quirguistão e apesar do aparente retorno a uma situação mais pacífica, médicos, psicólogos e enfermeiros de Médicos Sem Fronteiras (MSF) continuam lidando com casos diários de violência. Mais preocupante ainda é a capacidade das vítimas receberem atendimento de saúde adequado dependendo da comunidade de que fazem parte. 

“Toda dia, em nossas clínicas móveis e nas unidades médicas com as quais colaboramos, nossas equipes tratam pacientes que sofreram agressões pesadas ou que até apresentam sinais de tortura. Muitas pessoas, especialmente da comunidade Uzbeque em Osh, não estão indo ao hospital por medo de serem detidas,” diz Andrei Slavuckij, coordenador do programa de MSF no Quirguistão. 

Em meio a um clima de medo e desconfiança entre as comunidades Uzbeque e Quirguiz, o acesso aos cuidados médicos ainda é a principal preocupação devido à presença de pessoas armadas dentro e ao redor de algumas estruturas de saúde em Osh. O medo de não receber serviços médicos adequados e imparciais impede que muitas pessoas necessitadas de atenção médica urgente procurem os cuidados ideais. 

“Em um contexto tão tenso e volátil, nós clamamos a todas as autoridades para que preservem a neutralidade das estruturas médicas. É essencial que todo paciente que precisa de cuidados receba o tratamento adequado, independente de sua origem,” diz Bruno Jochum, diretor das operações de MSF. 

Desde o inicio dessa crise, MSF providenciou 1,4 mil consultas médicas através de quatro clínicas móveis dentro e nos arredores de Osh e Jalal-Abad. MSF também tem oferecido apoio para 25 estruturas médicas com doações de remédios e equipamento médico. Hoje, milhares de pessoas ainda estão em profundo estado de choque após os eventos extremamente violentos e traumáticos que ocorreram em junho. As necessidades de saúde mental são imensas e MSF esta focando cada vez mais sua ação em apoio psicológico. 

MSF trabalha no Quirguistão desde 2006, providenciando tratamento médico para pacientes com tuberculose no sistema penitenciário, inclusive aqueles que sofrem da forma mais resistente da doença. Hoje, 45 funcionários de MSF, incluindo 19 internacionais e 26 nacionais estão conduzindo a atual operação de emergência.

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