Não há razão para comemorar os dez anos de trabalho com moradores de rua na Rússia

Não há razão para comemorar os dez anos de trabalho com moradores de rua na Rússia

Dez anos são um tempo longo. Quando Médicos Sem Fronteiras começou seu programa em maio de 1992, o número de moradores de rua em Moscou era aproximadamente 30 mil. Na época, eles não tinham acesso a nenhum tipo de assistência médica ou serviço social. MSF decidiu oferecer consultas médicas emergenciais nas estações de trem da capital.

Dez anos depois, MSF ainda está lá. De acordo com as estatísticas de 1995 do Ministério do Interior, o número de pessoas vivendo em situação de rua em Moscou cresceu para 100 mil. O Instituto de Estudos Sócio-Econômicos da Academia de Ciência Russa estimou, em 1998, haver mais de quatro milhões de pessoas vivendo na rua em todo o país. E ainda não há nenhuma iniciativa social que lide com esse problema de forma eficiente.

No inverno passado, 430 pessoas, 90% delas moradores de rua, morreram de frio nas ruas em Moscou. Ambulâncias recolheram, das ruas de Moscou, 806 corpos de moradores de rua no ano passado.

Muitas questões difíceis surgem quando analisamos os últimos dez anos de trabalho. E uma questão essencial é: há alguma razão para comemorarmos este aniversário? O simples fato de nosso programa ter existido nesses últimos dez anos já é um triste sinal de que o problema ainda existe. Entretanto, há também resultados positivos: nosso trabalho teve seus sucessos.

Entre maio de 1992 e maio de 2002, MSF ofereceu assistência médica gratuita para as pessoas em situação de rua em Moscou. Foi um total de:

· 183.629 consultas médicas;
· 55.360 atendimentos sociais;
· 11.955 pessoas vacinadas e
· 11.164 hospitalizações organizadas.

É esta coleção de realizações que celebramos neste dia, em nosso décimo aniversário.

Hedwige Jeanmart
Coordenador do Programa de Populações de Rua de MSF

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