Membros da União Europeia devem reconhecer custos humanos das políticas de repressão de imigração

Medidas rigorosas no controle das fronteiras levam à utilização de rotas alternativas perigosas

Enquanto uma delegação de líderes europeus e italianos visita a ilha siciliana de Lampedusa para honrar todos aqueles que perderam suas vidas tragicamente tentando chegar à costa europeia, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) pede que todos os membros da União Europeia (UE) reconheçam os custos humanos de suas políticas de imigração repressivas.

“Os membros da UE não podem mais ignorar os custos humanos de suas políticas”, afirma Freya Raddi, coordenadora de operações de MSF. “O recente incidente foi um resultado direto de uma política de imigração europeia que criminaliza a imigração irregular e insiste em fechar suas portas para os mais vulneráveis.”

Para MSF, os Estados europeus deveriam concentrar esforços não no fechamento de suas fronteiras para as populações mais vulneráveis, e, sim, em sua proteção, por meio da estruturação de operações de resgate no mar, bem como na melhoria das condições de recepção de imigrantes recém-chegados.

“Políticas de imigração repressivas e restritivas simplesmente aumentam o sofrimento das pessoas que escaparam de situações de conflito”, disse Freya.

O reforço do controle das fronteiras da União Europeia está obrigando os imigrantes a recorrerem a rotas mais perigosas na tentativa de chegar à Europa. Incontáveis vidas foram perdidas a apenas alguns quilômetros da costa italiana, bem como em países transitórios, onde os imigrantes são submetidos à violência e abusos. Aqueles que sobrevivem à jornada para a Europa acabam ficando sujeitos às péssimas condições dos centros de detenção.

“O centro de recepção em Lampedusa está operando com uma capacidade quatro vezes superior à sua e o número de recém-chegados e a superlotação não são novidade”, explicou Freya. “Famílias estão dormindo do lado de fora, em abrigos improvisados feitos com plástico e colchões. Isso é reflete a falta de preparo das autoridades para lidar com o influxo de imigrantes, que poderia – e deveria – ter sido previsto.”

O barco que naufragou na última semana, próximo a Lampedusa, levava cerca de 500 refugiados, requerentes de asilo e imigrantes. Mais de 300 deles se afogaram. Desde janeiro, cerca de 30 mil pessoas chegaram à Itália de barco, a partir da Líbia, do Egito e da Síria, fugindo da violência e do conflito, precisando de proteção internacional.

“Os governos não podem continuar tentando controlar os fluxos imigratórios em detrimento da proteção de refugiados e dos direitos dos imigrantes”, afirma Freya. “Eles precisam responder urgentemente às questões mais abrangentes referentes à proteção dessas pessoas e oferecer soluções de longo prazo.”

MSF atua na ilha italiana de Lampedusa desde 2002. Atualmente, equipes da organização também oferecem suporte técnico para o controle de doenças infecciosas em alguns centros de detenção para imigrantes em Roma e na Sicília. Em Ragusa, na Sicília, MSF presta suporte às autoridades de saúde italianas oferecendo consultas médicas aos imigrantes, requerentes de silo e refugiados em centros de saúde locais. As equipes de MSF trabalham intensamente para atender o grande influxo de imigrantes na região de Pozzallo, na Sicília.

No Marrocos, em Malta e na França, equipes de MSF têm oferecido suporte médico e psicológico a imigrantes nos últimos dez anos.

Na Grécia, MSF está atuando no norte do país, oferecendo cuidados médicos e psicológicos a imigrantes, refugiados e requerentes de asilo em estações de polícia e centros de detenção na fronteira.

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