Deslocados em Bunia, República Democrática do Congo, enfrentam escassez de suprimentos

Mais de 100 profissionais de MSF oferecem ajuda às vítimas dos conflitos na República Democrática do Congo. Na cidade de Bunia, para onde milhares de deslocados retornam, há apenas um hospital, gerenciado por MSF, com capacidade para realizar cirurgias.

A organização internacional de ajuda humanitária Médicos Sem Fronteiras alerta que não há suprimentos essenciais suficientes para ajudar as pessoas deslocadas que chegam à cidade de Bunia, no noroeste da República Democrática do Congo (RDC). Desde o último dia 28 de junho, milhares de pessoas vêm retornando para a cidade onde uma força de intervenção comandada pela União Européia está desde o dia 6 de junho.

MSF diz que os atuais níveis de assistência aos deslocados na cidade – especialmente alimentação – são insuficientes. Com cerca de 1.300 novas pessoas chegando a Bunia diariamente, MSF teme que logo haverá uma falta significante de suprimentos de saúde, comidas, materiais para abrigos e estruturas sanitárias para as pessoas que se concentram a céu aberto na cidade.

Embora muitas das pessoas que chegam a Bunia estejam retornando após terem fugido dos conflitos na cidade em meados de maio, apenas poucas famílias vão diretamente para suas casas. Muitas das casas em Bunia foram destruídas e saqueadas. Especialmente durante a noite, a insegurança ainda reina em muitas áreas da cidade. Tudo isso significa que a maioria das pessoas prefere ficar em acampamentos que já abrigam cerca de 15.000 pessoas que vivem em condições precárias: os que retornam têm que cuidar dos seus próprios abrigos e da alimentação – fora a única distribuição de alimentos que aconteceu duas semanas atrás. Além disso, eles não têm acesso a estruturas de higiene e saneamento.

Desde o dia 15 de maio, o hospital dirigido por MSF no centro da cidade tem sido o único centro de saúde em toda a região com capacidade para realizar cirurgias. O hospital tem 70 leitos para internações. A cirurgiã de MSF, Birgit Neudecker, realiza pelo menos 10 cirurgias por dia. “Os combatentes são trazidos aqui com ferimentos recentes de guerra. Mas os civis têm ferimentos de guerra que são muitas vezes de três semanas atrás. É muito difícil ajudá-los. Essas pessoas devem ter sofrido bastante,” diz ela. O hospital de MSF presta assistência aos doentes e feridos de todos os grupos étnicos. O hospital realiza uma média de 1.200 consultas por semana.

MSF criou um novo posto de saúde na entrada de Bunia. A organização oferece primeiros socorros e faz uma avaliação médica das pessoas que chegam à cidade. Segundo os profissionais de MSF no centro de saúde, os que retornam estão exaustos, muitos deles estão doentes e muitas crianças subnutridas, devido às condições precárias de vida a que foram submetidos.

Além das pessoas que retornam a Bunia, existem muitos aldeões que fugiram dos conflitos no interior do país. Nos arredores de Bunia, pessoas na região vulnerável de Ituri ainda não têm acesso a nenhum tipo de ajuda humanitária. Ainda é impossível para as organizações humanitárias avaliar a situação ou ampliar a ajuda que oferecem para fora da cidade de Bunia. “Bunia está se tornando em parte um campo de refugiados onde pessoas de outras regiões buscam segurança,” comenta Nicolas Louis, Coordenador geral de MSF em Bunia. Pessoas que ficam encurraladas fora de Bunia, muitas delas deslocadas por muito tempo nos últimos anos, estão sem acesso a assistência ou cuidados de saúde.

A equipe de MSF em Bunia consiste de 10 profissionais internacionais e 104 profissionais locais, desses, 42 são profissionais da área de saúde. Nas últimas seis semanas, equipes vêm trabalhando noite e dia no hospital.

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