Angola: epidemia da febre de Marburg ainda está fora de controle

A situação ainda é alarmante seis semanas depois da confirmação do surto da febre de Marburg. Todos os dias corpos são coletados na cidade de Uige, onde a epidemia está concentrada. Dos 301 casos registrados, 271 já morreram

Seis semanas depois da confirmação do surto da febre de Marburg em Angola, através de testes biológicos (22 de março), a epidemia ainda está fora de controle. Em 30 de abril, os dados oficiais apontaram 271 mortes e 301 casos registrados. A doença tem atingido bastante a equipe de saúde, pelo menos 19 profissionais morreram.

A situação ainda é alarmante. Corpos são coletados todos os dias na cidade de Uige, onde a epidemia está concentrada. Desde que o alerta foi dado, há seis semanas, um novo foco surgiu no hospital de Songo, aproximadamente 50 km a noroeste de Uige.

Muitos problemas ainda não foram resolvidos e novas dificuldades aparecem todo dia. Na última semana, três pessoas morreram em diferentes setores do hospital de Uige. O sistema de controle da infecção tem sido ineficiente. A Organização Mundial da Saúde (OMS), que estava dando suporte ao Ministério da Saúde de Angola na implementação desse sistema, reconheceu, na última sexta-feira (29/04), que "sob tais condições, é muito provável que a transmissão aumente".

Para proteger os pacientes e a equipe de saúde, e em resposta ao pedido das autoridades, Médicos Sem Fronteiras irá ampliar as medidas de controle da infecção. Todos os setores serão desinfetados e uma triagem severa dos pacientes precisa ser implementada a fim de restringir temporariamente a admissão de casos graves. Para essas medidas acontecerem como o esperado é necessário que elas sejam rigorosamente respeitadas.

Em conseqüência dessa nova situação, os centros de saúde periféricos precisam ser reforçados para poderem lidar com o aumento do fluxo de pacientes e para tratarem outras doenças, além da febre de Marburg. As autoridades locais e a OMS também precisam melhorar o sistema de identificação de casos suspeitos e acompanhar as pessoas que tiveram contato com pacientes infectados. MSF acredita que para controlar a epidemia é essencial informar à população sobre a doença e sua prevenção. Famílias e pacientes devem receber o apoio das autoridades, da comunidade e de todos os atores presentes nessa crise. Violência e ameaças às famílias afetadas irão agravar a situação e levar a estigmatização.

MSF está encarregado dos setores de tratamento para pacientes de Marburg em Uige, Songo, Negage e Luanda. Esses centros permitem MSF isolar os casos e cuidar dos pacientes. MSF também está recolhendo pacientes e corpos nas comunidades e realizando enterros, respeitando inteiramente as medidas de bio-segurança.

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