Sudão do Sul: as faces da crise

Uma mulher está a caminho da uma clínica de MSF no campo de refugiados de Yida, no norte do Sudão do Sul, para levar seu filho a uma consulta médica. Hoje, são 70 mil refugiados em Yida. A maioria deles são das montanhas de Nuba, no sul do Sudão, de onde eles fugiram dos conflitos. Hoje, MSF oferece assistência médica à população e realizada, em média, 300 consultas por dia. Muitos dos refugiados estão sofrendo com malária e infecções respiratórias por conta das difíceis condições de vida durante a estação chuvosa.       
Deng and Cham nasceram no dia 27 de setembro, no hospital de Aweil, no norte de Bahr el Ghazal, no Sudão do Sul. A mãe entrou em trabalho de parto enquanto ia ao mercado, que fica a 3 horas de sua casa. O Sudão do Sul tem a mais alta taxa de mortalidade materna do mundo – 2.054 a cada 100 mil nascimentos, que é um número astronômico. Atualmente, há apenas uma parteira qualificada para cada 30 mil pessoas e, em caso de poblemas, a instalação de saúde mais próxima é frequentemente acessível depois de muitas horas de estrada. No hospital de Aweil, MSF administra a maternidade. Mais de 500 mulheres por mês têm seus filhos em ambiente médico seguro.
A clínica móvel de Médicos Sem Fronteiras está vacinando crianças em uma área remota no norte de Bahr el Ghazal, no Sudão do Sul. Nesta área, a maioria das pessoas não conseguem chegar a uma instalação de saúde e a imunização é muito importante para prevenir epidemias e proteger a população contra doenças que matam, como o sarampo.
Uma jovem é examinada para malária no hospital de Aweil, no norte de Bahr el Ghazal, no Sudão do Sul. Este ano, a epidemia é particularmente relevante. Mais de 20 mil pacientes já foram tratados em Aweil desde o começo do ano. Mais de 10% deles foram hospitalizados, o que corresponde a mais que o triplo do número de pacientes atendidos durante o mesmo período do ano passado.
Criança sofrendo de malária grave no hospital de Aweil, no norte de Bahr el Ghazal, no Sudão do Sul. Pessoas com malária grave, como esta criança, estão hospitalizadas nos 35 leitos da unidade de tratamento do hospital. Hoje, essa capacidade é insuficiente.
Criança com malária grave no hospital de Aweil, no norte de Bahr el Ghazal, no Sudão do Sul. Os casos mais graves de malária envolvem anemia e necessitam de transfusões de emergência, mas Médicos Sem Fronteiras não tem estoque de sangue suficiente e há grande dificuldade para encontrar doadores. O estoque de MSF está se esgotando e os pacientes estão morrendo.
Profissionais descansando no pátio do hospital de Aweil, no norte de Bahr el Ghazal, no Sudão do Sul. As crianças são as mais afetadas pela epidemia de malária. Muitas vezes, elas chegam ao hospital com seus parentes e, se precisam ser hospitalizadas, membros da família ficam ali para apoiá-las.  
Médicos Sem Fronteiras está estruturando uma clínica móvel para operar durante um dia todo no vilarejo de Yargod, a uma hora e meia de carro de Aweil, no norte de Bahr el Ghazal, no Sudão do Sul. Na praça principal do vilarejo, algumas mesas e os equipamentos médicos necessários são instalados sob a sombra das árvores. O objetivo do dia para a equipe de MSF é detectar e manejar os casos de malária. Ir até as pessoas nas áreas mais remotas ruduz o número de casos graves que chegam no hospital de Aweil, decorrentes do tratamento tardio.
Muitas pessoas, principalmente mulheres e crianças, visitam a equipe médica de Médicos Sem Fronteiras em Yargod e esperam por consultas. Norte de Bahr el Ghazal, Sudão do Sul.
A maioria das pessoas na área remota de Yargod não veem um médico ou enfermeiro há anos. Norte de Bahr el Ghazal, Sudão do Sul.
Durante um dia em Yargod, norte do estado de Bahr el Ghazal, Sudão do Sul, a equipe de Médicos Sem Fronteiras tem atendido cerca de 600 pessoas, sendo que 400 delas, que testaram positivo para malária, puderam receber tratamento. Mas em um estado com cerca de 34 mil km² e 780 mil habitantes, a clínica móvel de MSF não pode atender às necessidades do norte de Bahr el Ghazal. Muitos precisam buscar cuidados no hospital de Aweil, onde MSF está baseada desde 2008.
Nyakong, 40, morava perto de Malakal, no leste do Sudão do Sul. Ela fugiu da guerra em seu país e chegou ao campo de refugiados de Leitchuor, no oeste da Etiópia, no dia 3 de março. Desde o começo do conflito no Sudão do Sul, em meados de dezembro de 2013, mais de 1,4 milhão de pessoas se deslocarams internamente e mais de 450 mil teriam requerido asilo em países vizinhos; cerca de 189 mil delas, na Etiópia.
Nyaboth, de 20 anos, é de Malakal, no leste do Sudão do Sul. Ela buscou asilo na Etiópia e chegou ao campo de refugiados de Leitchuor, no oeste do país, em abril de 2014, após um surto de violência ter atingido sua cidade natal. Seu último filho, de dez meses, estava doente quando ela fugiu, e agora está com desnutrição. Hoje, Nyaboth está com outros 15 mil refugiados sul-sudaneses no campo de Leitchuor, e seu filho está hospitalizado na clínica de Médicos Sem Fronteiras dentro do acampamento.
Boss, de um ano, está sendo tratado pela equipe de Médicos Sem Fronteiras no campo de refugiados de Leitchuor, no oeste da Etiópia, porque está desnutrido. Ele chegou ao acampamento com sua família em julho, após ter fugido da violência no leste do Sudão do Sul. Sua mãe pensa em voltar ao país porque as condições de vida no acampamento são realmente difíceis com a estação chuvosa. Em agosto, o acampamento ficou inundado e, por meses, os refugiados vivem em meio à lama, com pouco acesso à água potável e saneamento.
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O conflito em andamento no Sudão do Sul atinge diretamente o norte e o leste do país, e outras preocupações regulares, como a epidemia de malária, afetam a região oeste. As equipes da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) estão operando 25 programas, além de atividades móveis, em nove dos dez estados do Sudão do Sul. Além disso, MSF também atua em países vizinhos, como a Etiópia, para oferecer assistência aos refugiados sul-sudaneses.  (Fotos: Mathieu Fortoul / MSF)
 
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