República Democrática do Congo: civis e equipes de ajuda humanitária são vítimas de novos conflitos

Desde novembro de 2011, as equipes de MSF sofreram mais de 15 ataques em Kivu

Os conflitos armados estão se intensificando no leste da República Democrática do Congo, com grandes movimentos de tropas. A população civil é a principal vítima, mas os profissionais de organizações de ajuda humanitária também estão na mira dos ataques. “A situação não está se estabilizando em Kivu. Ela está piorando novamente, como vem acontecendo ao longo dos últimos meses”, diz Dra. Marcela Allheimen, coordenadora de projeto da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).

 
Deserções recentes do exército nacional levaram a um aumento na insegurança e nos confrontos militares, o que acabou causando uma reconfiguração das diferentes forças em conflito. “A violência está voltando com força. Mas o pior dessa situação é a banalização da violência contra as populações civis e os profissionais de ajuda humanitaria”, disse a Dra. Marcela Allheimen.
 
Itens como alimentos, dinheiro e telefones celulares estão sendo roubados, para servir à logística dos militares. Desde novembro de 2011, as equipes de MSF foram vítimas de mais de 15 atos de violência, incluindo um ataque a uma casa de MSF em Baraka, em Kivu do Sul, na semana passada, realizado por homens armados e uniformizados. Outro incidente mais sério aconteceu no dia 4 de abril de 2012, quando uma equipe de MSF foi perseguida, e um enfermeiro e uma profissional da área de logística foram sequestrados em uma estrada perto de Nyanzale, em Kivu do Norte, e liberados horas depois.  
 
Como resultado, MSF– uma das poucas organizações de assistência médica presentes em Kivu do Norte e do Sul – suspendeu suas atividades em Nyanzale, reduziu seus projetos em Rutshuru e retirou as equipes da região de Butembo. Essa é outra consequência da deterioração da situação: para as populações civis, já fragilizadas por conflitos que se arrastam ao longo de muitos anos, o acesso à assistência médica está cada vez mais difícil. MSF não pode oferecer a assistência que gostaria em Kivu, e as pessoas doentes têm medo de viajar até os centros de saúde.
 
Outra consequência grave desta situação na vida da população de Kivu é o fato de que poucas pessoas estão conseguindo trabalhar nas lavouras devido à falta de segurança. A população civil sofre com roubos e extorsões, e as pessoas também estão sendo recrutadas para transportar os pertences de homens armados. Além disso,  algumas mulheres são mantidas como escravas.
 
Mecanismos de estabilização nacional e internacional em Kivu nunca foram tão importantes. No entanto, MSF questiona sua eficácia, tendo em vista  o agravamento da situação. A organização teme que sua capacidade de oferecer cuidados médicos diminua ainda mais.

 
Apesar da situação de segurança precária, MSF mantém equipes em Kivu do Norte e do Sul, oferecendo assistência médica principalmente em Kitchanga, Mweso, Pinga, Rutshuru, Baraka, Lulimba, Kalonge e Shabunda.
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