Novo teste facilita o diagnóstico da tuberculose resistente

Dados de MSF revelam demanda urgente pela ampliação da oferta de tratamento para DR-TB

Resultados da mais ampla utilização do novo teste rápido de diagnóstico da tuberculose (TB) envolvendo diversos países revelou uma necessidade urgente de responder à crescente crise global de TB resistente a medicamentos.

Os dados, apresentados na 43a Conferência Mundial Anual de Saúde Pulmonar, em Kuala Lumpur, foram coletados a partir de 25 projetos de MSF em 14 países durante um período de cerca de 18 meses. Os resultados demonstram um aumento de 50% no número de diagnósticos laboratoriais de TB utilizando Xpert MTB/RIF, em comparação ao teste para TB ainda mais comumente utilizado, a baciloscopia, com grande variação entre projetos – o incremento em confirmações laboratoriais variou de 10 a 115%.

O teste Xpert MTB/RIF, que aponta resultados em duas horas, também detecta se a cepa de TB de uma pessoa apresenta resistência a um dos medicamentos de primeira linha utilizados no tratamento de TB, a rifampicina. Em um projeto de MSF no Zimbábue, resultados preliminares mostraram que a introdução do teste praticamente quadruplicou os diagnósticos de casos de DR-TB; e em um projeto de MSF na Suazilândia, o prazo entre a coleta da amostra do paciente e o início do tratamento foi reduzido em 79%, de 65,9 dias para 13.9.

“Este novo teste para TB está ajudando a expor a real dimensão da epidemia de TB resistente a medicamentos e a levar o tratamento às pessoas com mais rapidez”, disse a Dra. Helen Bygrave, especialista de HIV/TB que atua com MSF na África do Sul. “Mas pacientes e médicos ainda enfrentam o longo e doloroso tratamento para TB resistente a medicamentos, que cura apenas uma em cada duas pessoas.”

Enquanto dados referentes à implementação do Xpert MTB/RIF revelaram problemas relacionados a resultados inconclusivos dos testes – a frequência de resultados inconclusivos foi maior que 6% em mais da metade dos projetos – e testes mais simples e fáceis de usar em campo ainda são necessários, o teste representa, de fato, um significativo avanço para diagnósticos oportunos de TB e DR-TB e sua implementação deve ser encorajada.

Além da necessidade de disponibilizar exames de forma mais abrangente, o próprio tratamento de DR-TB é uma grande preocupação. Os pacientes devem submeter-se a dois anos de tratamento à base de medicamentos que causam efeitos colaterais insuportáveis, que podem variar de náuseas persistentes a psicose e surdez. Resultados de um grupo de pacientes de MSF com DR-TB apontam para uma taxa de cura de apenas 53%, pouco mais elevada que a média global, de 48%. Isso acontece apesar de MSF ter adaptado modelos de tratamento que são conduzidos nas próprias comunidades com o objetivo de aliviar o fardo das pessoas afetadas.

A previsão é a de que dois novos medicamentos para tratar TB, os primeiros a serem desenvolvidos para a doença em quase 50 anos, estejam disponíveis no mercado em 2013 e são ambos ativos contra formatos resistentes a medicamentos da doença. A introdução de tais drogas no mercado representa uma oportunidade crucial para melhorar o tratamento para DR-TB e todos os esforços devem ser feitos para garantir que sejam utilizadas de forma a permitir a redução do período de tratamento, tornando-o mais tolerável para os pacientes, e que sejam acessíveis às pessoas em países pobres.

“Com novos medicamentos para TB resistente a medicamentos à vista pela primeira vez em meio século, a comunidade de saúde global não pode deixar de aproveitar a grande oportunidade de deter a TB resistente a medicamentos”, disse o Dr. Manica Balasegaram, Diretor Executivo da Campanha de Acesso a Medicamentos de MSF.
 
MSF trata TB há 25 anos. Em 2011, 26.600 pacientes foram tratados em projetos apoiados por MSF em 39 países. Metade destes projetos envolveram o tratamento para TB multirresistente (MDR-TB) – um total de 1.300 pacientes em 21 países. MSF é atualmente uma das maiores organizações não governamentais a oferecer tratamento para MDR-TB no mundo.

Apesar de ter obtido algum sucesso com a ampliação do tratamento e a pressão pela descentralização do tratamento e formas inovadoras de responder à epidemia, a taxa de cura nos programas de MSF permaneceram baixas, a 53% para pacientes com MDR-TB (de acordo com a OMS, a média global é de 48%), e 13% para pacientes com TB extensivamente resistente (XDR-TB).

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