MSF dá início a atividades de clínica móvel em Porto Príncipe

Nove dias após terremoto no Haiti, desafios são implementar serviços pós-operatórios e de fornecimento de água potável

As equipes de Médicos Sem Fronteiras em Porto Príncipe e seus arredores ainda estão focadas no atendimento e realização de procedimentos cirúrgicos das vítimas do terremoto registrado há nove dias no Haiti. As operações nos centros cirúrgicos dos principais hospitais da capital continuam, mas há novos desafios surgindo com o início do serviço de clínicas móveis na capital, do fornecimento de água e dos esforços para implementar um serviço de cuidados pós-operatório.

Com mais de 900 pacientes atendidos nas unidades de MSF e com o número crescente de pessoas com falência renal tendo acesso à diálise, há uma significante necessidade de especialistas e, algumas vezes, de tratamento de longo prazo, como fisioterapeutas e apoio psicológico. Ao mesmo tempo, houve uma ampliação de serviços cirúrgicos no Haiti, uma vez que outras organizações médicas, incluindo os militares, fortaleceram seu trabalho. O tratamento pós-operatório vai começar logo a se tornar uma grande demanda e MSF está começando a organizar unidades de cuidados pós-operatórios.

“Quando você tem essa grande quantidade de pessoas com ferimentos profundos, fraturas expostas e membros esmagados, quanto mais rápido e em maior quantidade você agir, melhor”, explica Xavier Lassalle, um dos conselheiros médicos de MSF. “Mas atender essas necessidades cirúrgicas e médicas vai levar meses e, geralmente, muitas dessas equipes cirúrgicas de emergência não ficam mais do que semanas no país. A maioria dos pacientes tem ferimentos infeccionados em seus braços e pernas e vão ter de ser submetidos a várias operações para retirar os tecidos mortos. Depois terão de passar por cirurgias ortopédicas e reconstrutivas. Isso requer atendimento pós-operatório por semanas”.

Os esforços para garantir um espaço adequado de trabalho para MSF também foram abalados com os tremores registrados nesta quarta-feira. No Hospital Carrefour, que tem sido um centro chave para cirurgia e tratamento geral, a equipe está ocupada montando novas unidades em uma escola vizinha, uma vez que se tornou claro que o prédio principal não é mais seguro. Há tendas adicionais no pátio também.

Enquanto isso, engenheiros especialistas realizaram uma avaliação da estabilidade do prédio dos hospitais de Choscal e Pacot, após o tremor de 6.1 graus na escala Richter. O Hospital Choscal ainda é seguro, apesar de os pacientes preferirem ficar nas tendas montadas no lado de fora. Mas o prédio de Pacot tem risco de ruir, então a equipe está organizando a transferência de pacientes para outro lugar. À medida que o hospital inflável é montado, a equipe de MSF está se preparando para o desafio logístico de transferir os pacientes que ainda precisam de operações para o departamento de cem alas.

Pela primeira vez nesta emergência, MSF deu início ao serviço de clínicas móveis, em algumas áreas particulares da cidade. Então as equipes estão começando a trabalhar nos bairros de Carrefour Feulle e Delmas 77, localizando pessoas que ainda precisam de tratamento ou que têm necessidades médicas gerais. Ao mesmo tempo, outro projeto teve início para fornecer água potável a 7 mil pessoas que perderam suas casas. Fora da cidade, as equipes de MSF continuam a visitar áreas onde ainda não há atendimento médico. O trabalho acabou de começar em Leogane, com consultas gerais e cirurgias, enquanto as clínicas móveis começaram a contatar pessoas em áreas como Grand Goave e Duforf, onde cerca de 20 pessoas que precisam de cirurgias graves também foram encontradas.

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