MSF continua assistindo civis no Chade após início das chuvas

Refugiados e repatriados em condições precárias precisam de cuidados básicos de saúde e acesso à água limpa

Com o início da estação chuvosa no leste no Chade, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) corre contra o tempo para atender dezenas de milhares de refugiados e repatriados que haviam sido temporariamente realocados para fugir dos confrontos em Darfur, no Sudão.

Desde o início de março, cerca de 50 mil civis sudaneses, chadianos e centro-africanos cruzaram a fronteira para o Chade. Os refugiados são, em sua maioria, mulheres e crianças, sendo 40% delas menores de cinco anos. Eles estão traumatizados e exaustos devido ao recente deslocamento e precisam de cuidados de saúde básicos, água, alimentos, abrigo e condições de saneamento adequadas.

Como não há hospital em funcionamento da região de Tissi, equipes de MSF estão trabalhando para oferecer cuidados de saúde primária e emergenciais aos refugiados e à população do Chade. Uma ala de emergência foi estruturada na cidade de Tissi para tratar pacientes feridos, crianças com menos de cinco anos e gestantes. Nas últimas quatro semanas, a equipe de MSF realizou cerca de 7 mil consultas na região. As principais causas de morbidade observadas são doenças diarreicas e infecções respiratórias. Além disso, 32 mil crianças com menos de 15 anos foram vacinadas para conter uma epidemia de sarampo que matou 13 crianças antes de abril. Há necessidades mais abrangentes por proteção das populações vulneráveis; mulheres e crianças estão enfrentando grandes riscos de violência sexual e baseada em gênero. Dois casos de estupro foram tratados por MSF apenas na última semana.

Em dez vilarejos, repatriados e refugiados receberam lonas plásticas, cobertores, mosquiteiros, galões e sabonete. MSF furou seis poços no norte de Tissi para fornecer água à população. “Com o início das chuvas, o acesso à água limpa e potável tem enorme importância”, afirma Delphine Chedorge,coordenadora de emergência de MSF.

Em algumas localidades, como Saraf Bourgou, ao norte da cidade de Tissi, repatriados do Chade deixaram a região e retornaram aos seus vilarejos de origem. Mas os refugiados sudaneses estão em posição mais precária. “As condições de saúde da população estão em risco de potencial deterioração devido ao acesso limitado à água, alimentos e abrigo”, diz Stefano Argenziano, coordenador geral de MSF.

Com as chuvas, o receio é de que as estradas para os campos de refugiados tornem-se intransponíveis, de que a única pista de pouso da região torne-se impraticável e de que a ajuda humanitária seja interrompida. “Nós continuaremos oferecendo cuidados de saúde a refugiados e repatriados em Tissi, mas isso será um desafio”, afirma Stefano Argenziano. “Estamos fazendo todo o possível para garantir que a assistência não seja interrompida.”

A segurança na região fronteiriça que se estende entre o Sudão e a República Centro-Africana é volátil; por ali circulam grupos armados, milícias e bandidos.

MSF pede que o governo do Chade, a Organização das Nações Unidas (ONU) e a comunidade humanitária garantam, durante toda a estação chuvosa, a segurança e o suporte contínuo aos refugiados e repatriados remanescentes, que se instalaram em mais de uma dúzia de localidades por 100 km na fronteira do Chade.

MSF atua no Chade desde 1980 e, atualmente, desenvolve projetos em Am Timam, Abeche, Massakory e Moissala.

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