MSF constroi centros de tratamento para cólera no Haiti

Organização terá 800 leitos para o tratamento da doença

A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) continua apoiando o Ministério da Saúde haitiano no combate ao surto de cólera em Artibonite, região ao norte de Porto Príncipe. MSF está intensificando seu trabalho nas áreas mais afetadas e se preparando para uma eventual propagação da doença. Há sinais positivos de que o surto será controlado, mas é preciso ser extremamente vigilante.

Ainda há um número significativo de pessoas que procuram MSF, no hospital São Nicolas, na cidade de São Marcos, próximo do epicentro do surto. Cerca de 450 pacientes foram tratados nos últimos dois dias, incluindo aqueles que receberam a solução de reidratação oral e tratamento intravenoso.

Uma unidade de isolamento foi montada para os doentes de cólera, mas as pessoas estão chegando em condições menos severas do que nos primeiros dias do surto. “O fato de que estamos vendo menos casos graves é positivo”, disse Federica Nogarotto, coordenador dos trabalhos de Médicos Sem Fronteiras no campo, em São Marcos. “Isso sugere que as pessoas estão tomando precauções e que há uma maior compreensão da comunidade para a necessidade de manter higiene rigorosa e procurar ajuda médica ao primeiro sinal de sintomas.”

No entanto, MSF está se preparando para a possibilidade da doença se espalhar. Atualmente, MSF trata a cólera em oito das suas instalações na região de Artibonite e próximo de Porto Príncipe. Outro centro de tratamento de cólera está sendo construído em um campo de futebol perto do hospital de São Nicholas.  Até quarta-feira (27/10) o centro, com capacidade para 400 leitos, estará pronto.

Em Petite Rivière, também na região de Artibonite, mais de 230 pessoas foram internadas pelo Ministério da Saúde no hospital local, onde MSF está trabalhando desde o dia 23 de outubro.

Em Porto Príncipe, 34 pessoas que sofrem de diarreia foram tratadas por MSF. Casos de diarreia aguda que não envolvem a cólera têm sido comum, desde o terremoto do dias 12 de janeiro de 2010. As equipes de MSF têm tratado muitas pessoas com diarreia aguda desde então.

Independentemente disso, MSF mantém um centro de 20 leitos de tratamento de cólera no lugar, está tomando todas as medidas necessárias e com as instalações de Porto Príncipe prontas para outros pacientes que apresentam com sintomas de cólera. O diagnóstico de cólera exige teste em laboratório, mas o tratamento da cólera e da diarreia aguda são os mesmos e começam com a reidratação.

“A melhor maneira de conter a propagação da cólera é através da prevenção e garantindo que as pessoas tenham acesso à água potável”, disse Dr. David Olson, conselheiro médico de MSF e especialista em cólera no Haiti. “Em ambientes de refugiados em zonas de conflito, as pessoas são obrigadas a buscar água onde podem encontrá-la. Em muitos dos campos de deslocados em Porto Príncipe, as pessoas são abastecidas com água com menos probabilidade de contaminação. Esperamos que isso possa mitigar a ameaça.”

No total, MSF tratou cerca de 2 mil pessoas com diarreia aguda nos últimos dias. Dois centros de tratamento adicionais estão sendo construídos na capital e outro, em Leogane. Logo, MSF terá 800 leitos disponíveis para o tratamento de doentes de cólera. Todas as atividades normais de Médicos Sem Fronteiras no país, incluindo os cuidados pós-operatórios, maternos, cuidados secundários, cirurgias e programas de saúde mental, continuam sem interrupção.

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