Iraque: MSF atende mais de 300 bebês desnutridos em três meses

Trabalho é realizado por equipes da organização em Mossul desde março

Iraque: MSF atende mais de 300 bebês desnutridos em três meses

Desde março, Médicos Sem Fronteiras (MSF) tratou mais de 300 bebês com desnutrição em Qayyara, cidade a cerca de 40 quilômetros do sul de Mossul. A maioria dos bebês tem menos de seis meses e foi levada a instalações de MSF por suas famílias, que, em grande parte, haviam fugido da região sitiada no oeste de Mossul e de Shirqat.

Os bebês desenvolveram desnutrição porque suas mães não puderam amamentá-los e também devido ao fato de a fórmula infantil ser extremamente cara, tanto nas áreas do Iraque controladas pelo grupo autoproclamado Estado Islâmico (EI) como nos campos de deslocados em que estão vivendo agora. Em alguns casos, as mães, que não conseguiam produzir leite materno devido aos traumas sofridos e às condições de vida em Mossul, recorrem à decisão de encher as mamadeiras dos filhos com chá preto ou água açucarada. Muitos bebês também sofrem de outras doenças por causa das condições difíceis que precisaram enfrentar durante os primeiros meses de vida e da falta de assistência médica em Mossul.

No Centro de Nutrição Terapêutica e Intensiva de MSF, os bebês são alimentados com leite terapêutico especialmente formulado para ajudá-los a alcançar um peso normal e recebem tratamento para prevenir ou curar co-infecções (como diarreia, doenças no trato respiratório etc.), já que a desnutrição faz com que seus sistemas imunológicos comecem a falhar e os torna especialmente vulneráveis a outras doenças.

“Muitas mães nos contavam que se viram obrigadas a interromper a amamentação dos filhos, por isso realizamos alguns estudos para tentar entender os motivos para essa decisão. Certamente, os fatores são variados, mas um dos mais comuns e importantes é o estresse psicológico. Muitas das mães com as que temos falado se encontram submetidas a uma grande tensão. As condições em que elas estão vivendo nos últimos anos não foram as mais fáceis. Depois, começaram os combates e ataques, que, muitas vezes, chegaram à porta de suas casas e então o abandono forçado dos lares. Atualmente, a maioria dessas mulheres se veem obrigadas a viver em campos de deslocados internos, fazendo com que sua rotina seja muito estressante e seu futuro muito incerto. Pode parecer algo muito simples, mas quando um bebê está desnutrido ele realmente tem muitos problemas para conseguir se alimentar de novo. É como um círculo vicioso: seu intestino deixa de funcionar adequadamente e de absorver o alimento de forma apropriada, por isso sua situação não faz mais além de piorar progressivamente. Nós os alimentamos com fórmulas terapêuticas especiais para ajudar que esses órgãos funcionem novamente; não é como o leite normal. Muitos bebês podem desenvolver efeitos colaterais durante esse processo de recuperação, como, por exemplo, diarreia e vômitos, já que seus sistemas imunológicos ainda são muito frágeis”, diz Megan Hock, coordenadora do Centro de Nutrição Terapêutica e Intensiva de MSF.
 

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