Iêmen: “Um cessar-fogo não será implementado até que as duas partes beligerantes o respeitem”

Enquanto não há trégua no conflito, a população do Iêmen continua sendo a principal vítima

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A violência indiscriminada do conflito no Iêmen está causando o sofrimento de milhares de pessoas, em várias partes do país, como na cidade de Qatabah, na província de Al Dhale. Jasmin Mohammed Ali, de 26 anos, professora na escola primária de Qatabah, e sua irmã, Asia Mohammed Ali, de 25 anos, falam sobre seu cotidiano desde que o conflito eclodiu.

“Por causa da atual crise, a escola onde eu trabalho está fechada; tem estado fechada por três meses. Nós só concluímos o primeiro semestre e tivemos de parar durante o segundo. Eu não recebo salário desde o mês passado. Recentemente, a escola (que, por sorte, estava vazia na hora) foi atingida por ataques aéreos, já que fica próxima ao escritório central de segurança, que era o alvo; todas as janelas foram quebradas em pedaços. Desde que a crise começou no Iêmen, as coisas se tornaram muito difíceis.

A falta de água é o nosso maior desafio

A água representa tudo e, sem ela, não há vida. Não há água potável em Qataba, na medida em que a principal instalação de abastecimento de água da cidade e dos vilarejos de seu entorno parou de funcionar devido a uma escassez de combustível. Não temos água em casa e não podemos encher baldes também. Só há um poço de água potável grátis na cidade de Qataba. Se esse poço não estiver funcionando, temos de caminhar até outro poço, onde está a principal instalação de água. Geralmente, essa viagem leva de três a quatro horas a pé e, se formos até lá, não conseguimos trazer tantos recipientes. Só conseguimos carregar um, que é muito pesado. Infelizmente, esse poço não está funcionando no momento também devido à questão do combustível.

No entanto, o principal poço em Qataba está ficando muito lotado e as mulheres da cidade enchem seus recipientes com várias mangueiras. Leva um bom tempo para encher todos os recipientes. Hoje, por exemplo, não conseguimos ir ao poço, porque estava muito lotado.

O impacto de ataques aéreos

Ataques aéreos e bombardeios estão nos deixando aterrorizados e não conseguimos dormir direito. Na noite passada, as crianças estavam com muito medo, já que bombardeios e confrontos estavam por perto.

Temos cogitado fugir de Qataba, mas o problema é que somos uma família de 26 membros vivendo em apenas uma casa. Não sabemos para onde ir.

O mês inteiro em Qataba

Nunca imaginamos que isso poderia acontecer. Qataba era um lugar muito tranquilo e não tinha problemas. As pessoas vinham para Qataba de diferentes distritos, em diferentes províncias, durante todo o mês do Ramadan, mas, este ano, ninguém virá. Qataba é conhecida por ser melhor que outros distritos para passar o Ramadan por causa de sua cultura durante o período.”

MSF em Al Dhale
MSF oferece serviços de saúde que salvam vidas no hospital de Al-Nasser, do Ministério da Saúde, no distrito de Al Dhale, no sudoeste do Iêmen. O apoio inclui sala de emergência 24 horas por dia, cirurgia, cuidados pós-operatórios, esterilização, laboratório, controle de infecção, gestão de resíduos e encaminhamentos.

Além disso, MSF está apoiando o centro de saúde de Al-Azarik na sala de emergência, cuidados de pré e pós-natal, planejamento familiar, partos normais, programas de imunização, nutrição e encaminhamentos ao hospital de Al-Nasser. Em Qataba, MSF apoia a sala de emergência 24 horas por dia, sala de observação, laboratório e gestão de resíduos no hospital de Al-Salam, do Ministério da Saúde.

No mês passado, MSF ampliou suas atividades apoiando o departamento ambulatorial, de nutrição e de cuidados de pré-natal no hospital. MSF também oferece água potável para 25 mil pessoas por meio de um poço adequado na cidade de Qataba.

Além disso, MSF está apoiando diversos centros de saúde em Al-Jaffea e hospitais em Al-Habilain com suprimentos médicos e equipamentos na província.

Desde o início de 2015, o projeto de MSF em Al Dhale atendeu 10.317 pacientes na sala de emergência e 1.232 feridos, entre os quais mais de 490 eram feridos de guerra. MSF também ofereceu consultas gerais para 11.206 pacientes.

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