Iêmen: ao menos 700 civis foram feridos em confrontos intensos em Taiz durante os dois meses do “cessar-fogo”

Negociações de paz não têm impedido a violência indiscriminada contra a população e infraestruturas civis em todo o Iêmen

Iêmen: ao menos 700 civis foram feridos em confrontos intensos em Taiz durante os dois meses do “cessar-fogo”

Durante os dois meses do acordo de cessar-fogo no Iêmen, os civis continuam sendo gravemente afetados pela violência, de acordo com a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF). Desde que o cessar-fogo teve início, em abril de 2016, instalações de MSF e hospitais apoiados pela organização trataram um número surpreendente de 1.624 pessoas com ferimentos causados por confrontos intensos em Taiz. Quase metade deles são civis.

Taiz tem visto alguns dos confrontos mais violentos desde o recrudescimento do conflito no país, há 15 meses, com bombardeios, ataques aéreos, explosões de bombas, de minas terrestres e disparos de franco-atiradores acontecendo todos os dias. Confrontos e bombardeios acontecem em áreas densamente povoadas da cidade. Nenhuma das partes em conflito parece se esforçar para evitar baixas entre os civis.

“No dia 3 de junho, recebemos 122 feridos em instalações que apoiamos, a maioria deles havia sido atingida por um míssil lançado contra um mercado lotado em Taiz”, diz Salah Dongu’du, coordenador de projeto de MSF em Taiz. “Outras 12 pessoas chegaram mortas ou estavam tão gravemente feridas que morreram logo após chegar à emergência. A grande maioria, com certeza, era civil. No dia seguinte, mais 135 pessoas chegaram com ferimentos de guerra. Simplesmente não há trégua na violência.”

Não importa o local da cidade, o impacto sobre a população é sentido por todos. Pessoas perdem membros de suas famílias, casas e meios de subsistência, e vivem em um estado de medo constante, sem outra escolha a não ser seguir com suas vidas. Enquanto isso, a situação humanitária continua a se deteriorar. O acesso da população a cuidados de saúde é extremamente limitado, não há eletricidade, as ruas estão lotadas de lixo, e alimentos e outros bens de consumo só estão disponíveis a preços inflacionados.

“Há pouco tempo, eu entrei em uma das salas de emergência onde nossas equipes estão trabalhando”, disse o coordenador-geral de MSF, Will Turner. “Na minha frente, havia duas crianças em seus leitos, próximas uma da outra. O menino havia levado um tiro no pescoço enquanto saía de uma mesquita; a menina ao seu lado teve a barriga rasgada por uma bala, enquanto esperava para pegar água. Histórias trágicas como essa acontecem diariamente em Taiz. Isso é totalmente inaceitável.”

MSF faz um apelo a todas as partes do conflito no Iêmen para que adotem medidas mais concretas a fim de proteger os civis e pede que todos os atores, estejam eles participando das negociações de paz no Kuwait ou não, reduzam o nível intenso do conflito e facilitem em todas os momentos o acesso humanitário irrestrito a Taiz.

Como uma organização médico-humanitária neutral e imparcial, MSF apoia e mantém 30 hospitais em oito províncias do Iêmen, tratando pessoas independentemente de sua afiliação religiosa, tribal, política ou militar. Mais de 40 mil pacientes feridos de guerra foram tratados em hospitais apoiados por MSF no Iêmen desde março de 2015.

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