Em 2022, cerca de 608mil pessoas morreram por causa da malária. A região da África registrou 95% das mortes pela doença. Entre elas, cerca de 80%eram crianças com menos de cinco anos de idade. (Fonte: OMS)

A malária é uma infecção parasitária que afeta os glóbulos vermelhos do sangue. É uma doença evitável, detectável e tratável, que se apresenta mais comumente em regiões pobres.

A doença causa impactos socioeconômicos, representando uma grande carga para a receita de países onde é endêmica e demandando ainda mais esforço dos serviços de saúde locais.

 

 

1.

Causa

A doença é causada por parasitas do gênero Plasmodium, dos quais há dois dessa espécie que representam a maior ameaça: Plasmodium falciparum e Plasmodium vivax. O P. falciparum é a principal causa da malária clínica grave e de mortes. Estima-se que a metade da população mundial esteja em risco de se infectar com o parasita.

2.

Transmissão

O parasita é transmitido através da picada da fêmea do mosquito Anopheles infectada. Esses mosquitos geralmente picam entre o anoitecer e o amanhecer.

Uma vez que o mosquito infectado pica o humano, os parasitas viajam até o fígado, onde se multiplicam e entram nas células vermelhas do sangue. Dentro dessas células, os parasitas se multiplicam rapidamente até elas se romperem, liberando ainda mais parasitas na corrente sanguínea e manifestando, nesse processo, os sintomas típicos da doença.

3.

Sintomas

A malária começa como a gripe, com os primeiros sintomas surgindo entre 10 e 15 dias após a infecção. Os sintomas incluem febre (podem ocorrer ciclos típicos de febre, calafrios e suor intenso), dor nas articulações, dores de cabeça, vômitos frequentes e convulsões.

Se a malária não for tratada, ela pode se tornar grave. Sem tratamento, a malária por P. falciparum pode progredir para a forma grave da doença, levando à morte em um período de 24 horas. Mortes por malária podem ocorrer devido a danos cerebrais (malária cerebral) ou danos aos órgãos vitais. A redução das células vermelhas no sangue pode causar anemia.

 

4.

Diagnóstico

O diagnóstico da malária é feito rapidamente por meio do teste da tira reagente ou por meio da observação do parasita em microscópio em uma amostra de sangue. Entretanto, testes rápidos nem sempre estão disponíveis, microscópios não são sempre efetivos e, por isso, diagnósticos baseados em sintomas ainda são comuns em grande parte do mundo em desenvolvimento.

Isso significa que os pacientes são frequentemente diagnosticados de forma errônea e as verdadeiras causas de seus sintomas permanecem sem tratamento. Isso também indica que medicamentos antimaláricos são utilizados em excesso em alguns casos e desperdiçados quando extremamente necessários.     

5.

Tratamento

O tratamento mais eficiente para malária é uma terapia combinada à base de artemisinina (ACTs, em inglês). A terapia tem baixo nível de toxicidade, poucos efeitos colaterais e age rapidamente contra o parasita. A maioria dos países africanos alterou oficialmente seus protocolos para tratar a malária com o medicamento. Mas, em muitos países em que MSF trabalha, a quantidade de artemisinina disponível é escassa.

Países com sistemas de saúde enfraquecidos têm poucos recursos para oferecer cuidados à população. Isso resulta em um ciclo vicioso: a falta de estrutura impede o tratamento e impulsiona a incidência de doenças. A população, enfraquecida por essa doença, não consegue sair da pobreza.

6.

Prevenção

O controle do vetor, que é o mosquito, é a principal estratégia para reduzir a transmissão da malária, além do fornecimento de medicamentos para as infecções. É possível garantir proteção às comunidades com uma cobertura alta dessa estratégia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda dois tipos de controle efetivos: dormir sob mosquiteiros tratados com inseticida e pulverizar as paredes internas das residências também com inseticida. Em algumas circunstâncias específicas, é possível complementar a estratégia com o manejo da fonte de larvas e outras ações que reduzam os focos de mosquitos e suas picadas em humanos.

Desde outubro de 2021 , a OMS também recomenda amplo uso da vacina contra malária RTS,S/AS01 entre crianças que vivem em regiões com transmissão moderada a alta de malária por P. falciparum.

Em 2023, a OMS também passou a recomendar outra vacina contra a doença, a R21/Matrix-M. Com a disponibilidade de duas vacinas contra a malária, espera-se que seja possível a distribuição em larga escala em toda a África.

7.

Atividades

Enquanto cerca de 95 % das mortes por malária ocorrem na África subsaariana, a doença está presente em quase todas as áreas tropicais onde MSF tem programas: da Etiópia e Serra Leoa até Camboja e Mianmar.

MSF desenvolve as estratégias de quimioprevenção sazonal da malária (SMC, na sigla em inglês), no Chade e no Níger. Crianças com até cinco anos de idade, mais vulneráveis à doença, recebem tratamento antimalárico via oral mensalmente por um período determinado durante a temporada de pico da malária.

MSF distribui mosquiteiros para mulheres grávidas e crianças com menos de cinco anos de idade, já que são mais vulneráveis à malária grave.

Desde maio de 2023, MSF trabalha na detecção dos casos de malária e no tratamento da doença na Terra Indígena Yanomami na região de Auaris, em Roraima, no Brasil. Os indígenas, com ou sem sintomas, são testados. Em caso de teste positivo, o tratamento é iniciado. A estratégia também visa diminuir a circulação da doença para conter sua expansão.

Em nossos projetos ao redor do mundo, nossos profissionais trataram 4.268.600 casos de malária em 2022.

Esta página foi atualizada em abril de 2024.

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