Chipinge: intervenções no hospital distrital

MSF apoia o distrito de Chipinge, Zimbábue, na melhoria da infra-estrutura local

Chipinge: intervenções no hospital distrital

20/06/2016 – Em Médicos Sem Fronteiras (MSF), a Logística é uma atividade que gosto de denominar como “generalista”. Constantemente, particularmente para aqueles que trabalham no setor privado, a logística é vista puramente como a gestão do suprimento, movimentação de bens ou insumos. No nosso caso, o que denominamos “logística” é algo muito mais amplo: desde que cheguei ao Zimbábue, já lidei com a manutenção de carros, geradores, baterias, gestão de água e saneamento, cadeia de suprimentos, construção, gestão de projetos, telecomunicações e até armazenamento de combustível! A gama de possibilidades é muita extensa, o que requer um alto grau de adaptabilidade e conhecimentos diversos por parte do profissional que ocupa esse posto.

No projeto em que atuamos, no distrito de Chipinge, temos planos de desenvolver uma abordagem integrada de apoio à rede pública de saúde. O que isso significa? Quer dizer que vamos ajudar nossos parceiros do Ministério da Saúde do Zimbábue em diversas frentes, sendo a parte médica apenas uma delas. Junto ao suporte médico (focado em HIV/Aids, tuberculose, diabetes, hipertensão), MSF também atuará em atividades de conscientização (por meio de promotores de saúde), suporte laboratorial (com especialistas em laboratório) e na rehabilitação de clínicas e hospitais (com o auxílio deste logístico que vos escreve).

E é então que entramos em uma das partes preferidas de meu trabalho em MSF – construção e gestão de projetos. Recentemente, recebemos uma visita técnica de uma arquiteta que trabalha conosco na capital do Zimbábue, para avaliar as condições da estrutura de saúde do distrito. Visitamos o hospital local, com prioridade à farmácia, ao laboratório e à ala infantil. Desta visita técnica, saíram diversos planos de atuação, sendo que denominamos cada um deles como “intervenções”.

Como logístico, é minha responsabilidade coordenar construtores locais, agentes do setor público e autoridades para materializar nossas intervenções. Conhecimentos em finanças também são necessários, de forma a valorar nossos projetos e assegurar o orçamento apropriado. Quando esta etapa está concluída, precisamos nos certificar de que as obras estão andando no ritmo adequado, os materiais utilizados são de boa qualidade e se os prazos combinados serão atendidos. Por fim, buscamos aprovação dos governos locais, que inspecionam a obra e a avaliam de maneira positiva.

Aqui em Chipinge, já rehabilitamos um pequeno espaço que usaremos como farmácia para armazenagem de medicamentos necessários ao tratamento de diabetes, hipertensão e asma. Além disso, reformamos uma pequena sala que poderá ser usada como escritório pelos profissionais da farmácia central, liberando espaço para mais medicamentos. Ainda nos planos, precisamos reformar o laboratório do hospital, concluir uma construção paralisada na ala infantil e prosseguir com alguns reparos gerais no complexo, para maior conforto dos pacientes.

Ainda no distrito, costumo inspecionar algumas das 11 clínicas (nas áreas rurais) que MSF auxilia. Nesses locais, decidimos em termos de planejamento estratégico iniciar nosso suporte logístico nas farmácias: muitas apresentam as prateleiras danificadas, espaços muito limitados ou armazenamento inadequado. No médio prazo, podemos adicionar mais elementos ao nosso apoio às clínicas – suprimento de água, geradores (em algumas épocas, a região sofre cortes de eletricidade). Por fim, no longo prazo, podemos inclusive planejar melhorias estruturais – reformas, construção de novas unidades, e assim por diante.

Tais atividades compõe o que chamamos de atividades não-médicas, que também fazem parte do dia a dia de MSF. Ao olharmos para as pessoas que atendemos e ao realizarmos o planejamento dos nossos projetos, esse tipo de abordagem integrada responde melhor às demandas do campo.

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