Somália: Sarampo ainda é uma grande ameaça para a população

Devido à insegurança e a falta de autorização das autoridades da Somália, MSF não consegue realizar campanhas de vacinação em massa em diversas regiões do país

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A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) alerta que o sarampo está se alastrando sem controle por diversas regiões do sul da Somália. A doença é altamente contagiosa, e as crianças são especialmente vulneráveis, sobretudo se estiverem desnutridas. Nas últimas semanas, o número de pacientes atendidos com sarampo teve um aumento significativo em alguns projetos de MSF. Muitos estavam em estado grave.

 
Os conflitos no sul da Somália são um fator chave para a grave situação de desnutrição no país, para a baixa taxa de cobertura de vacinação e a falta de acesso a serviços de saúde. Esses fatores acabam facilitando a dispersão de uma série de enfermidades, como o sarampo, e agravando a situação do país.  
 
“Nas últimas semanas, nós diagnosticamos e tratamos mais de 300 pacientes com sarampo – a maioria crianças –, nas cidades de Haramka e Marere, na região de Lower Juba Valley”, disse Silvia Colona, coordenadora de projeto no sul da Somália. “Na semana passada, nós também montamos uma unidade de tratamento contra sarampo na cidade de Kismayo, que ficou imediatamente cheia de crianças em estado grave.”
 
O sarampo é fatal se não for tratado, sobretudo para crianças pequenas, mas com a assistência médica adequada, a maioria dos pacientes sobrevive. “Eu sabia que ele estava com sarampo”, disse uma mãe que trouxe seu filho para a unidade de tratamento em Kismayo. “Mas eu não sabia onde podia levá-lo para receber tratamento até que meus parentes me falaram desse local.”
 
Infelizmente, a falta de informação e a insegurança da região estão impedindo muitas outras pessoas de receber tratamento. “Nós acreditamos que essa é só a ponta do iceberg, e que devem existir muitas outras pessoas com sarampo que não conseguem chegar as nossas instalações”, concluiu Silvia.
 
O sarampo pode ser prevenido facilmente por meio de vacinas, que são muito baratas. Mas a cobertura de vacinação em diversas regiões da Somália é muito baixa, e as dificuldades de logísticas e segurança não são os únicos motivos para isso. MSF tem que esperar pela autorização das autoridades em diversas regiões do país para realizar campanhas de vacinação contra sarampo. Assim que a organização conseguir autorização, as campanhas de vacinação serão uma prioridade, pois um grande número de mortes poderá ser evitado.
 
MSF continua oferecendo assistência médica e humanitária à população somali dentro do país e em acampamentos de refugiados no Quênia e na Etiópia. De maio a dezembro de 2011, a organização tratou mais de 95 mil pacientes com desnutrição, e vacinou mais de 235 mil crianças contra sarampo – além de tratar seis mil com a doença – em regiões onde as campanhas de vacinação são permitidas e nos acampamentos de refugiados nos países vizinhos. Em todas as instalações médicas de MSF, cerca de 540 mil consultas médicas foram realizadas. 
 
Infelizmente, MSF teve que reduzir suas atividades em Mogadíscio, capital da Somália, no final do ano passado, devido ao assassinato de dois profissionais da organização. Além disso, após o sequestro de outras duas profissionais da área de logística, em outubro e 2011, as atividades no acampamento de refugiados de Dadaab (destino de muitos somalis que fogem da complicada situação no país) também foram reduzidas. MSF pede a todos os somalis – aqueles da diáspora, aos líderes comunitários e especialmente às autoridades que controlam as áreas da Somália onde nossas colegas sequestradas estão detidas – que façam todo o possível para facilitar a libertação segura das duas.
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