Após as chuvas, situação no Sudão do Sul continua crítica

Mais de 170 mil refugiados dependem de ajuda humanitária para sobreviver. MSF assume a liderança na oferta de cuidados de saúde nos cinco acampamentos

Em meados de 2011, teve início um conflito entre as Forças Armadas sudanesas e o Exército Armado do Norte pela Libertação do Povo (SPLA-N, Sudan People´s Liberation Army-North, na sigla em inglês) nos estados de Nilo Azul e Kordofan do Sul, no Sudão. Em novembro de 2011, os confrontos se intensificaram e dezenas de milhares de pessoas tiveram de fugir para salvar suas vidas. Até o momento, cerca de 40 mil refugiados cruzaram a fronteira rumo à Etiópia e cerca de 170 mil rumo ao Sudão do Sul. Para muitas delas, a jornada para o Sudão do Sul levou até seis semanas, de caverna em caverna, alimentando-se apenas de folhas e raízes, lutando para encontrar água para beber. Muitos refugiados perderam membros de suas famílias, que sucumbiram à exaustão, à desnutrição ou a doenças durante a viagem. Atualmente, eles estão reunidos em acampamentos onde são completamente dependentes de ajuda humanitária para o acesso a insumos básicos e essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, abrigo e cuidados de saúde.

Ao todo, há aproximadamente 170 mil refugiados sudaneses vivendo em cinco acampamentos no Sudão do Sul. Médicos Sem Fronteiras (MSF) está presente em todos eles, fornecendo serviços essenciais de saúde e provisão de água, de acordo com as necessidades específicas de cada local.

60 mil refugiados no campo de Yida, estado de Unity, no Sudão do Sul

Cerca de 60 mil refugiados fugiram do estado de Kordofan do Sul para o campo de Yida. MSF atua no acampamento desde dezembro de 2011 e chegou ao máximo da resposta à emergência durante a pior fase da estação chuvosa, de maio a julho de 2012, quando a população do acampamento quadriplicou com a chegada de cerca de mil novos refugiados por dia. A taxa de mortalidade alcançou patamares duas vezes superiores aos de emergência e até cinco crianças estavam morrendo diariamente vítimas do círculo vicioso da desnutrição associada a complicações como diarreia, malária e pneumonia. Para dificultar ainda mais a situação, as inundações bloquearam qualquer acesso por terra ao acampamento; só se chegava ali pelo ar, de avião.

Atualmente, as inundações resultantes da estação chuvosa recuaram e o pico da terrível crise de mortalidade terminou. Mas os refugiados ainda precisam de ajuda humanitária para terem acesso ao básico para sobrevivência. Enquanto outras organizações são responsáveis por outros aspectos da resposta humanitária, MSF está assumindo a liderança na provisão de cuidados de saúde:

Número de hospitais: 1
Número de postos de saúde ambulatoriais: 1
Número de profissionais estrangeiros: 16
Número de profissionais locais: 174
Número de consultas semanais: cerca de 2.100
Principais ocorrências médicas: infecções respiratórias, diarreia, malária e surtos contínuos de hepatite E

110 mil refugiados nos campos de Batil, Doro, Gendrassa e Jamam – estado do Alto Nilo, no Sudão do Sul

Cerca de 110 mil pessoas fugiram do estado de Nilo Azul rumo às inóspitas regiões do condado de Maban, onde estão reunidas em quatro acampamentos de refugiados. MSF atua em Maban desde novembro de 2011, quando os primeiros refugiados começaram a chegar. Assim como no campo de Yida, a situação tornou-se catastrófica entre junho e agosto, quando a combinação das inundações da estação chuvosa a um influxo de 35 mil novos refugiados em condição de total exaustão e à elevada carga de doenças e desnutrição teve grande impacto no cenário. As taxas de mortalidade aumentaram o equivalente a duas vezes o patamar de emergência.

Atualmente, as inundações resultantes da estação chuvosa recuaram e a situação estabilizou-se de alguma forma, mas, sem ajuda humanitária significativa e contínua, os refugiados não teriam acesso a alimentos, água ou cuidados de saúde. O clima mais seco também significa que mais refugiados estão começando a cruzar as fronteiras, o que não era possível durante a estação chuvosa. MSF está presente em todos os acampamentos levando cuidados de saúde e bombeando, tratando e distribuindo centenas de milhares de litros de água limpa e potável diariamente no campo de Doro.

Número de hospitais: 3
Número de postos de saúde ambulatoriais: 7
Número de profissionais estrangeiros: 90
Número de profissionais locais: 700
Número de consultas semanais: cerca de 5.500
Principais ocorrências médicas: diarreia, infecções respiratórias, malária e um surto contínuo de hepatite

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